03 setembro 2009

o dilema das bonecas russas

A técnica do encaixe social leva-nos a viver acima das nossas possibilidades afectivas. Queremos encaixar no gabinete, na festa de casamento, no quarto da maternidade, na adopção, na relação extra-conjugal, na reunião de pais, no divórcio amigável, no divórcio à estalada, nas calças 36, nos sapatos 37, na revista rosa, no partido do poder, no partido do contra-poder, na inauguração, no namoro, no caso, no affair, na queca de uma noite, na relação para toda a vida, na abstenção eleitoral, na defesa de causas, no condomínio, no bairro histórico, na monovolume, no fiat 500, no Metro, no comboio, nas férias no Algarve, nos museus lá fora, no yoga, no reiki, na filosofia, no liberalismo económico, no Estado providencial, nos blogues, no twitter, no facebook, na recusa das novas tecnologias. Queremos encaixar. Metermo-nos dentro de alguma coisa e sentirmos que o assunto está arrumado. Mas a vida é como as bonecas russas, têm um sistema que desenrosca, salta a tampa e vêm todas cá para fora. Cada uma por si. E talvez mais felizes. E não necessariamente incompletas.

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