21 agosto 2009

felicidade

A felicidade pode ser como as sobremesas sem açúcar. Todo o prazer com menos calorias. Às vezes até sem glúten e produtos lácteos.

Ver a minha mãe entrar mar adentro até ao pescoço, esfregar os olhos e conferir que não estou com uma alucinação provocada pelo excesso de sol. É possível perder o medo da água depois dos... depois de alguns, bastantes, anos de existência (ela não ia gostar que eu escrevesse aqui a idade dela);
Encontrar por mero acaso na esplanada o meu primo mais velho, que é, dizem, a minha versão masculina, e que quase nunca vejo porque a minha família é um arranjo celestial de dadores de sangue - só nos encontramos quando o quadro clínico exige urgentemente uma transfusão de afectos;
Dormir na areia e acordar com o cheiro a bolas de berlim;
Deliciar-me com mojitos e perceber que há vida e fígado para além do gin tónico;
Comer cadelinhas (abaixo de Sesimbra é conquilhas) apanhadas pela minha irmã, que passa o dia a fazer uns movimentos estranhos na areia com as ancas e com as pernas, que eu nunca consegui fazer e acho ridículos. Mas nunca digo não a cadelinhas. Amanhã nunca se sabe se volta a haver (já dizia um dos blogues que tenho aqui ao lado);
Ver famílias felizes sem ar de frete;
Ver mulheres bonitas, porque muitas mulheres bonitas fazem-me sentir mais bonita;
Ver homens bonitos, porque os homens bonitos fazem-me querer ser mais bonita;
Ver muitos bebés e muitas grávidas. Ao ritmo a que está a minha geração, não só se salva a Terra, como ainda havemos de conseguir que haja vida em Marte;
Descobrir um bom restaurante sem guias nem gps gastronómicos, apenas pelo cheiro e paladar para as surpresas;
Comer sopa de tomate com ovo esclafado depois de um dia de praia;
Tirar o biquini, ver os contrastes na pele provocados pelo sol e depois tomar duche de água fria, depois quente e depois fria outra vez;

Só não acredito na felicidade que é como os produtos light. Levam uns substitutos manhosos e ainda fazem pior.

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