15 agosto 2009

à noite todos os gatos são diferentes

Tenho um preconceito estúpido. Isto se considerarmos, e eu considero, que há preconceitos menos estúpidos que outros, ou pelo menos mais justificáveis que outros. Já são mais do que muitas as vezes em que dou comigo a gabar-me de nunca me ter relacionado com alguém que conheci na noite. Não sendo uma coisa propositada (nunca calhou assim), este facto reconcilia-me. Se calhar serve de equilíbrio à minha natural tendência para a boémia, género: Estão a ver? Eu gosto muito de sair à noite mas não sou uma perdida. (Eu avisei logo que era um preconceito estúpido).Talvez porque embirro, precisamente, com essa associação leviana que frequentemente se faz da acção de engate à noite, como se as pessoas só saissem para procurar gajos(as). Ainda no outro dia quando disse a uma amiga que não tem namorado que devia sair mais, ela respondeu-me: achas que eu vou sair para o engate? Valha-me Deus! Apeteceu-me bater-lhe. É que para mim sair à noite é sair ao encontro dos outros e de nós, e de nós com os outros num contexto de evasão, preferencialmente com uma boa banda sonora, alguma bebida para brindar, muita conversa e talvez dançar e sentir o outro lado do dia. E sim, até se pode conhecer alguém interessante. Mas sobre isso eu não sou o melhor exemplo. Já dei comigo a inventar profissões e nomes que não tenho, a ficar com números de telefone aos quais nunca ligo e a dizer muitas vezes: Sabes? Não vale a pena. Mas também já conheci pessoas de quem fiquei amiga e que de dia não me desiludiram. E também já reencontrei amores à noite. Agora, encontrar o amor na noite? Só se for num dia muito especial.

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